DOM MOACIR: DIA NACIONAL DOS LEIGOS



Na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, a Igreja no Brasil comemora o Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas, neste ano, dia 23 de novembro. Eis uma oportunidade para refletir um pouco sobre a vocação e a missão dos leigos e leigas.

O Concílio Vaticano II deixou claro que os leigos, pelo Batismo, foram incorporados a Cristo, constituído no Povo de Deus, e a seu modo participantes da missão sacerdotal, profética e real de Cristo (cf. LG 31). É bom meditar nisso: membro do Corpo de Cristo, membro do Povo de Deus e participante da mesma missão de Jesus Cristo. Quanta graça e quanta responsabilidade isso implica. O Concílio vai mais além, dizendo que “os leigos, congregados no Povo de Deus e constituídos no corpo único de Cristo sob uma só cabeça, todos são chamados a contribuir, como membros vivos, com todas as forças que receberam da bondade do Criador e por graça do Redentor, para o crescimento da Igreja e sua contínua santificação” (LG, 33).

Afirma ainda o Concílio que “o apostolado dos leigos é participação na própria missão salvadora da Igreja. A este apostolado todos são destinados pelo próprio Senhor, através do Batismo e da Confirmação. Os sacramentos, sobretudo a sagrada Eucaristia, comunicam e alimentam aquele amor para com Deus e para com os homens, que é a alma de todo o apostolado” (LG 33b). O Amor para com Deus e para com os homens é a alma de todo apostolado. Aqui está um critério de avaliação. Antes do leigo ou da leiga perguntar: Como está e como vai o meu apostolado? É preciso perguntar: Como está e como vai meu amor para com Deus e para com os homens?

É importante ter presente que o campo do apostolado dos leigos e leigas não se reduz ao interno da comunidade eclesial; pelo contrário, o campo próprio do apostolado dos leigos e leigas é o mundo. O Concílio Vaticano II afirma: “os leigos são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e ativa naqueles locais e circunstâncias em que só por meio deles ela pode ser o sal da terra” (LG 33). Certa vez, quando eu exercia o ministério sacerdotal como pároco, uma paroquiana, professora de português, me dizia que gostaria muito de atuar em alguma pastoral na comunidade paroquial, mas não tinha tempo, por causa das aulas na escola onde trabalhava; no entanto, esta professora, na sala de aula transmitia valores humanos e cristãos; quando aplicava interpretação de textos para os alunos, muitas vezes usava textos bíblicos da missa do domingo; então demonstrei a ela que seu apostolado abrangia o seu campo próprio de trabalho. Isso lhe trouxe tranquilidade de consciência apostólica e lhe deu mais ânimo para ser sal da terra no seu ambiente de trabalho.

O Concílio Vaticano II, no decreto sobre o apostolado dos leigos – Apostolicam Actuositatem – apresenta os vários campos de apostolado dos leigos: “Os leigos exercem o seu apostolado multiforme tanto na Igreja como no mundo. Em ambos os planos se abrem vários campos de atividade apostólica de que queremos aqui lembrar os principais. São: as comunidades eclesiais, a família, a juventude, o meio social, as ordens nacional e internacional” (AA 9).

O Documento de Aparecida, fazendo eco aos ensinamentos do Concílio Vaticano II, ao tratar dos leigos diz: “sua missão própria e específica se realiza no mundo, de tal modo que, com seu testemunho e sua atividade, contribuam para a transformação das realidades e para a criação de estruturas justas segundo critérios do Evangelho. O espaço próprio de sua atividade evangelizadora é o mundo vasto e complexo da política, da realidade social e da economia, como também da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos ‘mass media’ e outras realidades abertas à evangelização, como o amor, a família, a educação das crianças e adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento. Além disso, eles têm o dever de fazer crível a fé que professam, mostrando autenticidade e coerência em sua conduta” (DAp 210).

Aproveito este espaço para manifestar minha gratidão a todos os leigos que atuam nas comunidades e na sociedade como fermento na massa, como sal da terra e luz do mundo.






Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano

Novembro/2014

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