O DÍZIMO NA COMUNIDADE DE FÉ

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na sua 52ª Assembleia Geral, em 2014, retomou a reflexão sobre o dízimo; em 2016, na 54ª Assembleia Geral, os Bispos refletiram e enriqueceram o texto apresentado por uma comissão especial para este tema; e também delegaram ao Conselho Permanente da CNBB a aprovação do documento: “O Dizimo na Comunidade de fé – Orientações e Propostas”, o que aconteceu nos dias 14 a 16 de junho p.p.
Num primeiro momento, o documento chama a atenção para uma melhor compreensão do dízimo, refletindo sobre o que é o dízimo; quais são os seus fundamentos: bíblicos, teológicos e eclesiais, e quais as suas dimensões e finalidades.
O número 6 define: “O dízimo é uma contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja. Ele pressupõe pessoas evangelizadas e comprometidas com a evangelização”.
A falar dos fundamentos bíblicos do dízimo, o texto parte da Revelação divina e perpassa os diversos momentos da História da Salvação, lembrando que Deus é o Senhor de tudo o que existe e o dízimo é um reconhecimento de que tudo vem dele; lembra que a primeira referência ao dízimo aparece em Gênesis 14, 17-20, no ciclo dos patriarcas. Depois o texto vai mostrando a visão do dízimo no tempo de Moisés, dos reis e profetas, até chegar a Jesus Cristo nos evangelhos. “A partilha dos bens, praticada pelos discípulos de Jesus, mesmo não sendo formalmente chamada de dízimo, é o referencial mais importante para a sua compreensão. Os evangelhos narram a experiência de pessoas que tiveram a graça de encontrar Jesus e decidiram entregar parte de seus bens para o Senhor. Destacam-se as discípulas que o ‘ajudavam com seus bens’ (Lc 8,1-3). Entre os discípulos de Jesus havia uma ‘bolsa comum’ (Jo 13,29). A eles, Jesus apresentou o exemplo da viúva pobre que ofereceu suas duas moedinhas, ‘tudo o que dispunha para viver’ (Mc 12,41-44)” (20).
Depois o texto desenvolve as dimensões do dízimo. “A primeira dimensão do dízimo é a religiosa: tem a ver com a relação do cristão com Deus. Contribuindo com parte de seus bens, o fiel cultiva e aprofunda a sua relação com Aquele de quem provém tudo o que ele é e tudo o que ele tem, expressando, na gratidão, sua fé e sua conversão” (29). “O dízimo também tem uma dimensão eclesial. Com o dízimo, o fiel vivencia sua consciência de ser membro da Igreja, pela qual é corresponsável, contribuindo para que a comunidade disponha do necessário para a realização do culto divino e para o desenvolvimento de sua missão” (30). “O dízimo tem uma dimensão missionária. O fiel, corresponsável por sua comunidade, toma consciência de que há muitas comunidades que não conseguem prover suas necessidades com os próprios recursos e que precisam da colaboração de outras. O dízimo permite a partilha de recursos entre as paróquias de uma mesma Igreja particular e entre as Igrejas particulares, manifestando a comunhão que há entre elas” (31). Por fim, o dízimo tem ainda uma dimensão caritativa, que se manifesta no cuidado com os pobres, por parte da comunidade. Uma das características das primeiras comunidades cristãs era de que ‘não havia necessitados entre eles’, pois tudo ‘era distribuído conforme a necessidade de cada um’ [At 4,34 e 35]” (32).
Em seguida o documento apresenta as finalidades do dízimo: Organizar o culto divino, prover o sustento do clero e dos demais ministros, praticar obras de apostolado, de missão e de caridade, principalmente em favor dos pobres.
Depois, o documento apresenta as orientações. “Em seis seções, estas orientações procuram abranger os vários aspectos da Pastoral do Dízimo. Tratam com especial atenção a relação entre a Pastoral do Dízimo e a pastoral de conjunto. A Pastoral do Dízimo é a ação eclesial que tem por finalidade motivar, planejar, organizar e executar iniciativas para a implantação e o funcionamento do dízimo, e acompanhar os membros da comunidade no que diz respeito a sua colaboração, em sintonia com a pastoral de conjunto na Igreja particular” (36 e 37).
A nossa 14ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral assumiu como perspectiva de ação a implantação da Pastoral Arquidiocesana do Dízimo (cf. DAEARP, p. 12, letra e). O documento “O Dizimo na Comunidade de fé – Orientações e Propostas” será um instrumento muito importante para a execução desta perspectiva de ação, em nossa Igreja Particular.
 
Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano

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